Retrospectiva 2022: Time Brasil fica em 2º lugar no Mundial de Judô com tri de Mayra Aguiar e bi de Rafaela Silva

Beatriz Souza foi prata e Daniel Cargnin, bronze. País não conquistava quatro medalhas em Mundiais em quatro categorias diferentes desde 2014.

27/12/2022
Por Comitê Olímpico do Brasil | Crédito da foto: Anderson Neves/CBJ

A retrospectiva 2022 relembra o Mundial de Judô Tashkent 2022, em que o Time Brasil brilhou e terminou na segunda colocação geral no quadro de medalhas, atrás apenas do Japão, com dois ouros, um de Rafaela Silva (57kg) e outro de Mayra Aguiar (78kg), uma prata de Beatriz Souza (+78kg) e um bronze de Daniel Cargnin (73kg). Foi o melhor desempenho em qualidade das medalhas desde o Mundial de 2007 e a primeira vez que o país conquistou medalhas em quatro categorias diferentes desde 2014. A competição, transmitida pelo Canal Olímpico do Brasil, rendeu ao Brasil quase 17% das 23 medalhas em provas olímpicas em Mundiais ou competições equivalentes em 2023.

CARGNIN BRILHA EM NOVA CATEGORIA

A primeira medalha do Brasil em Tahskent veio com Daniel Cargnin. O medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 na categoria meio-leve (até 66kg), subiu de peso neste ano e já conseguiu um resultado gigante, o bronze no Mundial.

No caminho até medalha, venceu por ippon (golpe perfeito) Rustam Orujov, do Azerbaijão, vice-campeão olímpico na Rio 2016, e Lasha Shavdatuashvili, da Geórgia, vice-campeão olímpico em Tóquio 2020. Na luta decisiva, o brasileiro contra-golpeou Manuel Lombardo para garantir o ippon da medalha. 




BI MUNDIAL DE RAFAELA SILVA

Rafaela Silva, mais uma vez, deu a volta por cima. Depois de perder os Jogo Olmpicos por suspensão, ela fez uma campanha irretocável no Uzbequistão. Ippon contra Nilufar Ermaganbetova, atleta da casa, e Ivelina Ilieva, da Bulgária. Nas quartas, vitória na estratégia contra Daria Bilodid, da Ucrânia. Na semifinal, ippon em apenas 40 segundos contra Timna Nelson-Levy, de Israel, número um do mundo na ocasião.

A decisão começou nervosa, com Rafaela agressiva, buscando a projeção. Funakubo investiu na luta de solo, imobilizou Rafaela, mas a brasileira conseguiu defender-se. A 30 segundos do fim da luta, ela soltou a perna no uchi-mata e marcou o waza-ari do título. 

“A cada luta eu estava me superando e fiquei bem concentrada antes de entrar para a final. Tinha feito minhas estratégias com as treinadoras para essa luta contra a atleta que perdi na final (do Grand Prix) em Budapeste. No finalzinho, coloquei em prática o que a gente tinha pensado, coloquei alguns golpes pra surpreender a atleta. Foi diferente ganhar um campeonato fora de casa. Parecia que minhas estavam fracas, não estava sentindo. Só ficava pensando se era real, se eu tinha conseguido fazer isso novamente. Via o pessoal gritando, mas a ficha demorou a cair que eu tinha sido campeã mundial novamente”, contou Rafaela.

 

TRI MUNDIAL DE MAYRA AGUIAR

Mayra Aguiar é gigante. Em Tashkent, ela confirmou sua posição entre as atletas mais vitoriosas da história do Brasil, entre homens e mulheres, ao garantir o histórico título de tricampeã Mundial de Judô. A judoca possui, contando com a base, 11 medalhas em Mundiais, além de três bronzes nos três Jogos Olímpicos que disputou e quatro medalhas nos quatro Jogos Pan-americanos em que esteve. São impressionantes 49 medalhas em eventos do circuito mundial da Federação Internacional de Judô.

O título veio depois de uma campanha espetacular, em que usou diferentes estratégias para derrotar as oponentes. Passou pela croata Petrunjela Pavic nas punições, conseguiu o ippon sobre a cazaque Aruna Jangeldina e sobre Shori Hamada, atual campeã olímpica, e vitória por waza-ari tanto na semifinal, contra Alina Boehm, da Alemanha, quanto na decisão, sobre Zhenzhao Ma, da China. “A experiência ajudou bastante. Acho que o planejamento foi um diferencial. Uns dois meses antes do Mundial, mudei meus horários de treino, deixei todo mundo louco. Aprendi a escutar muito meu corpo, sei até onde eu posso chegar, quando eu tenho que dar mais. Na competição, mudei um pouco minha estratégia. Não fui tanto pra cima, procurei manter a calma, mas sempre sendo agressiva. Acho que é algo que vou levar para as próximas competições. Procurei fazer o meu melhor a cada dia, a cada momento, principalmente nas horas mais difíceis. Conquistar essa medalha faz tudo valer a pena”, disse Mayra.

BEATRIZ SOUZA MANTÊM TRADIÇÃO DOS PESOS-PESADOS

Beatriz Souza tem apenas 24 anos e já conquistou duas medalhas em Mundiais. Depois do bronze no Mundial de Budapeste 2021, ela conseguiu chegar à final em Tashkent e só parou diante da francesa Romane Dicko, campeã olímpica em Tóquio 2020.

A brasileira, 3ª no ranking mundial, passou por adversárias complicadas até chegar na final. Na primeira rodada, ela venceu Larisa Ceric e na sequência já enfrentou a cubana quatro vezes medalhista olímpica Idalys Ortíz. Bia venceu por ippon e avançou à semifinal, na qual enfrentou a japonesa Wakaba Tomita. Em uma luta decidida por shidos (punições), a brasileira foi para a decisão e só perdeu para a francesa Romane Dicko, 2ª do ranking mundial e bronze nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, que aplicou um ippon por imobilização em Bia logo no início do combate. 

“Dei tudo de mim e fiz o planejamento que me foi proposto pela sensei e sei que estou no caminho certo. Foi nítida a minha evolução pelos treinos que venho fazendo. Observo um crescimento técnico, tático e físico, e isso me deixa muito orgulhosa pela conquista da medalha", ressaltou Bia Souza logo após a decisão do Mundial.